1942 - 2014. .
Quando fui trabalhar para a Suíça, a primeira pessoa a entrar-me no consultório sorriu, quando lhe perguntei em que podia tentar ajudar. Era um agente de seguros, o hospital não permitia que eu exercesse sem se proteger de eventuais "pontapés na gramática psiquiátrica". Quando soube que estava em presença de um português, levou a mão ao bolso do casaco e retirou, orgulhoso, uma fotografia autografada de Eusébio, que um dia jogara em La-Chaux-de-Fonds e fizera uma exibição memorável.
Aconteceu-me por todo o mundo. Em 66 estava em Inglaterra e vi, num dos meus amados pubs, ingleses, eufóricos com a vitória, moderarem os festejos perante as lágrimas dele. Fui um privilegiado - ao longo da minha adolescência, na década de sessenta, demandei Lisboa para ver o Benfica "dele" jogar. Na altura era demasiado novo para me aperceber da dimensão estética do espectáculo, queria ganhar e ele, ajudado por jogadores de excepção e trabalhadores incansáveis, fazia-me a vontade.
Os anos e o replay desnudaram outra dimensão - o seu futebol era belo. Porque continha a elegância que a força não remete para a segunda plateia e uma alegria infantil, que tresandava a trapeira. Pesa-me que nem sempre a sua saúde tenha sido devidamente consolidada, perante as imposições contratuais, períodos houve em que o Benfica não o abraçou com o carinho que merecia. Hoje, toda a gente o chora e honra. Mas, a curto prazo, todos podemos prestar-lhe, e ao Desporto que amava, uma singela homenagem - tudo fazer, antes, durante e depois, para que no Domingo "apenas" aconteça um grande jogo de futebol no Estádio da Luz.
E não esqueçam! - a partir de agora, quando olharmos o céu, se olharmos com muuuita atenção..., veremos um sorriso largo como pano de fundo do voo da águia.
Fiquem bem.
Julio Machado Vaz
Quando fui trabalhar para a Suíça, a primeira pessoa a entrar-me no consultório sorriu, quando lhe perguntei em que podia tentar ajudar. Era um agente de seguros, o hospital não permitia que eu exercesse sem se proteger de eventuais "pontapés na gramática psiquiátrica". Quando soube que estava em presença de um português, levou a mão ao bolso do casaco e retirou, orgulhoso, uma fotografia autografada de Eusébio, que um dia jogara em La-Chaux-de-Fonds e fizera uma exibição memorável.
Aconteceu-me por todo o mundo. Em 66 estava em Inglaterra e vi, num dos meus amados pubs, ingleses, eufóricos com a vitória, moderarem os festejos perante as lágrimas dele. Fui um privilegiado - ao longo da minha adolescência, na década de sessenta, demandei Lisboa para ver o Benfica "dele" jogar. Na altura era demasiado novo para me aperceber da dimensão estética do espectáculo, queria ganhar e ele, ajudado por jogadores de excepção e trabalhadores incansáveis, fazia-me a vontade.
Os anos e o replay desnudaram outra dimensão - o seu futebol era belo. Porque continha a elegância que a força não remete para a segunda plateia e uma alegria infantil, que tresandava a trapeira. Pesa-me que nem sempre a sua saúde tenha sido devidamente consolidada, perante as imposições contratuais, períodos houve em que o Benfica não o abraçou com o carinho que merecia. Hoje, toda a gente o chora e honra. Mas, a curto prazo, todos podemos prestar-lhe, e ao Desporto que amava, uma singela homenagem - tudo fazer, antes, durante e depois, para que no Domingo "apenas" aconteça um grande jogo de futebol no Estádio da Luz.
E não esqueçam! - a partir de agora, quando olharmos o céu, se olharmos com muuuita atenção..., veremos um sorriso largo como pano de fundo do voo da águia.
Fiquem bem.
Julio Machado Vaz