Extracto de "Homem avançado no tempo" de Neves de Sousa no "Diário de Lisboa"
Pouca gente soube que o muito saudoso José Maria Pedroto esteve a um pequeno passo de ser treinador do Sporting, quando João Rocha era presidente do clube de Alvalade. Tudo estava acertado, pormenor por pormenor , até à mais ínfima partícula de um documento que vinculava as duas partes, pelo menos durante uma temporada futebolística Porém, no dia em que estava aprazado a assinatura nos papelinhos, Pedroto travou o gesto e subitamente disse para o presidente do Sporting:
"Esqueci-me de lhe lembrar, mas falta aqui uma clausula. Está tudo certo, tanto em relação aos meus prémios, como aos meus vencimentos, o caso do apartamento e do carro às ordens, tudo muito bem, mas o senhor presidente esqueceu-se de que eu lhe tinha dito logo no primeiro encontro: só vou para um clube que dê garantia de contar com os árbitros".
"Como, não percebo?", indagou João Rocha, nessa altura pouco habituado a saber o que era certa fatia da arbitragem, Pedroto meteu a caneta na algibeira, levantou-se e apenas disse:
"Quinze mil são para mim, mas para os árbitros são precisos outros tantos, caso contrário o Sporting só ganha campeonatos lá para o fim do século".
E o contrato acabou por não ser assinado. Pedroto rumou para outra latitude, mais compreensiva.
Neves de Sousa
Neves de Sousa
Morreu João Rocha, mas, seguramente, permanecerá para sempre como exemplo do melhor dirigismo que Portugal já teve. Um clube para ter sucesso, não tem que ser com os métodos da máfia.
Muito respeito e admiração.
Que descanse em Paz.
Muito respeito e admiração.
Que descanse em Paz.