O que se passou com o Benfica este ano é chocante, incompreensível, injustificável e exige reflexão profunda.
Vieira, na continuação de Vilarinho, (a quem devemos, ter corrido com essa mancha na História do Benfica que foi Vale e Azevedo), tem muitos méritos, seguramente; mas, no plano do futebol, nunca acertou. Ou melhor, acertou no ano passado, porque acertou no treinador, deu-lhe jogadores e ele fez o resto sozinho.
Mas não soube consolidar a vitória, porque displicentemente achou (ele e Jesus, se calhar) que ninguém segurava este Benfica e que bastava gerir o triunfo (como se isso não fosse precisamente o mais difícil: gerir a euforia da vitória). E porque desprezou a força, a experiência, a organização e o poder visível e oculto do FCP e de Pinto da Costa.
Vieira falha porque não domina a área do futebol nem sabe delegar: nunca encontrou, ou não quis encontrar, alguém a quem entregasse o departamento, a quem definisse objectivos, desse meios, e a quem pudesse também pedir responsabilidades.
E agora? Agora, é preciso perceber o que falhou (é o mais fácil) e corrigir o que se pode enquanto é tempo: estancar esta hemorragia trágica feita de derrotas, fazer contratações, vendas e dispensas cirúrgicas (sanear os que estão a mais na equipa, e sabe-se quem são). E fazer uma revolução no departamento, em termos de estratégia (que não há e nunca houve), de planeamento, de fixação de objectivos, de organização, de política de comunicação, etc.
O grande desafio a Vieira é esse: ou é capaz de delegar o poder no departamento de futebol, profissionalizá-lo (ou não é o futebol o core bussiness do clube e da SAD?) e, para isso, tem que encontrar o homem certo (o que anda por lá a fazer Rui Costa?); ou sai da direcção do Benfica pela porta pequena, e fica na História, não como o homem que devolveu o prestígio ao clube, mas como mais um, na lista de presidentes incompetentes e que atrasaram ainda mais a recuperação sempre adiada do prestígio, da glória e da grandeza do clube.