Não há palavras para esta "incompetência"! E já não falo na "política" de informação e de comunicação em que continuamos a ser amadores. Nem falo no papel do Carraça e do Rui Costa, que ninguém nos explica o que fazem na estrutura do futebol: viu-se o desnorte que foi o episódio de Dusseldorf.
Falo da equipa e das contratações.
Sabia-se que o Javi, o Witsel e mais uns quantos jogadores importantes podiam sair porque o Benfica tinha que fazer um encaixe de pelo menos 50 milhões. Tudo bem. Mas, então, ninguém tratou de assegurar o preenchimento dos lugares-chave que, com toda a probabilidade, iam ficar vazios?! Temos sete alas e ninguém para número 10 (o Aimar não defende como o Witsel, nem aguenta dois jogos por semana), nem temos nenhum bom substituto para nenhuma das outras posições, com excepção, agora, do ponta-de-lança.
Qual é o treinador que, tendo feito a pré-época com o Witsel como pivô da equipa, resiste todos os anos a estas saídas à última hora?! O Jesus tem tentado minimizar as dificuldades, porque não pode criticar a política de contratações nem tirar confiança aos jogadores e aos adeptos. Mas, como é possível que, em dois anos, não se tenha encontrado um defesa esquerdo "já feito"?! E que não haja um substituto à altura para o Maxi?!
O problema é que o presidente pode sempre despedir o treinador, mas o treinador não pode despedir o presidente. Qual é o treinador que resiste a esta incerteza e a este improviso? O último grande treinador antes do Jesus que passou pelo Benfica, o Fernando Santos, não resistiu, e tornou-se o bode expiatório desta incompetência.
Nos últimos anos, ainda pensei que o Presidente tinha aprendido: pelo menos, não se precipitou a fazer o treinador pagar todas as favas (sim, porque também tem algumas culpas no cartório, mas as suas imensas qualidades como treinador suplantem os seus defeitos, e os defeitos podem ser corrigidos pela estrutura, as qualidades é que não se compram no mercado: para não falar da qualidade de jogo da equipa, que há anos não se via, quanto já rendeu ao Benfica, por exemplo, a sua capacidade para valorizar jogadores?).
Com esta equipa a que partiram a espinha dorsal (viu-se na primeira parte com o Nacional, em que a equipa perdeu de uma assentada, os dois pivôs do meio campo: o Javi e o Witsel, que "desapareceu" como médio criador, porque foi obrigado a fazer de Javi, e em que toda a gente percebeu que seria impossível, sem ninguém que levasse a equipa para a frente, marcar um golo a quem quer que fosse: Nacional ou outra equipa do mesmo nível, ou mesmo inferior), com esta equipa, dizia eu, só um milagre nos pode salvar a época (como o campeonato vai parar, o Jesus pode sempre "inventar" em poucos dias um novo Witsel, como está em vias de inventar um novo Coentrão): Senão, adeus Campeonato e adeus Champions. Talvez nos devêssemos concentrar na Taça da Liga!
Que Deus nos ajude, porque o Jesus, sozinho não pode fazer muito. Com este rumo, o Museu do Glorioso, que vai ser inaugurado com pompa e circunstância dentro de semanas, arrisca-se a ser um Mausoléu!
António-Pedro Vasconcelos, exclusivo: MasterGroove